Perseguição aos cristãos aumenta na Nigéria

17 de Novembro, 2023

A escalada da violência contra os cristãos na Nigéria, país que figura entre os mais hostis aos seguidores do cristianismo globalmente, ganha contornos alarmantes, segundo a organização Portas Abertas.

No último dia 19, grupos armados perpetraram ataques a uma igreja católica e uma igreja batista no estado de Kaduna, no centro norte do país, o que resultou na morte de três pessoas e no sequestro de mais de 30 fiéis. No domingo de Pentecostes, um ataque a uma igreja católica no estado de Ondo, no sudoeste nigeriano, deixou 40 cristãos mortos.

A Portas Abertas classificou a Nigéria como o sétimo país mais perigoso para os cristãos em seu ranking mais recente sobre a perseguição religiosa global.

O relatório da organização destaca a gravidade da situação no norte do país, onde "os cristãos vivem sob constante ameaça de ataques de grupos extremistas como Boko Haram, Estado Islâmico da Província da África Ocidental (Iswap) e extremistas fulanis". Entre janeiro de 2021 e março de 2023, 6.006 cristãos perderam a vida na Nigéria devido à perseguição religiosa.

Antes dos recentes ataques em Kaduna, a ONG Projeto de Localização de Conflitos Armados e Dados de Eventos (Acled) já havia registrado pelo menos 23 ataques a instalações religiosas este ano na Nigéria.

Com os incidentes em Kaduna, o número de ataques registrados em 2022, em menos de seis meses, se aproxima do total de 2021, que contabilizou 31 ataques. Em 2020, foram 18.

Adebayo Oladeji, porta-voz da Associação Cristã da Nigéria, expressou preocupação, afirmando: "Está se tornando uma situação desesperadora e é algo repreensível".

O atual aumento da perseguição aos cristãos na Nigéria apresenta nuances distintas em relação a outros períodos. Destaca-se o anúncio da campanha "Batalha de Vingança pelos Dois Sheiks" feito pelo novo porta-voz do Estado Islâmico, Abu Umar al Muhajir, em 17 de abril. O chamado para ataques contra "infiéis" visa "vingar" as mortes do líder Abu Ibrahim al Qurayshi e do ex-porta-voz do EI, Abu Hamza al Qurayshi, ocorridas este ano.

Desde então, afiliados ao Estado Islâmico têm reivindicado mais ataques terroristas em diversos países, incluindo a Nigéria.

Uma recente reportagem da BBC destaca que milícias e quadrilhas não afiliadas a grupos terroristas também têm perpetrado ataques a cristãos, em meio à disputa por terras.

A migração de muçulmanos do norte para o sul da Nigéria, devido a secas e desertificação, tem provocado confrontos com comunidades agrícolas cristãs, resultando em ataques a residências e locais de culto. Nesse cenário, comunidades muçulmanas também têm sido alvo.

Líderes religiosos denunciam a negligência histórica do Estado nigeriano na proteção aos cristãos e no combate ao terrorismo.

As autoridades religiosas queixam-se de falta de segurança geral para a população que vive em tensão mediante os ataques frequentes e a intolerância religiosa contribui para uma ambiente ainda mais hostil.

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